quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Homenagema Hosenfeld 1895-1952


Trecho de matéria publicada no Correio Braziliense:
Szpilman assistiu aos combates da janela do apartamento onde estava escondido, protegido por amigos poloneses (a pena para poloneses que ajudassem judeus era o enforcamento). Com o acirramento da guerra, o pianista é obrigado a abandonar os esconderijos e sobrevive, faminto e doente, no que sobrou de Varsóvia. Numa das mais belas cenas do filme, Szpilman entra em uma rua deserta, com prédios em escombros dos dois lados. A câmera se afasta e o homem vai ficando cada vez menor perto das ruínas. É isso que acontece com o personagem: a sobrevivência em condições cada vez mais miseráveis o degrada e desumaniza.
Ele se torna humano novamente ao tocar piano para um oficial alemão. O militar o descobriu em um dos prédios abandonados que lhe servia de abrigo. Ao ouvi-lo executar uma balada de Chopin, o alemão não só poupa a vida do judeu como passa a ajudá-lo, levando comida e cedendo seu casaco. Com o fim da guerra, Hosenfeld, o oficial, tenta conseguir socorro de Szpilman, que não consegue localizá-lo a tempo. Hosenfeld termina em um campo para prisioneiros de guerra na então União Soviética. (Seus diários foram encontrados e acrescentados a edições recentes do livro de Szpilman).
Wladyslaw Szpilman escreveu seu relato logo após o fim da guerra, mas o livro foi então censurado pelo governo comunista da Polônia. Foi lançado em 1999, quando seu filho encontrou os originais, e republicou a obra, que foi traduzida para o inglês e imediatamente conquistou Polanski. O pianista morreu, aos 88 anos, em 2000.
Polanski fez um filme que, assim como o livro, tem um tom sóbrio (provavelmente o mais sóbrio de sua carreira), sem dramatizar demais o que já é suficientemente dramático. A beleza da fotografia, das imagens cinzentas e meio desbotadas, quase passa despercebida diante do peso da história que é contada. Algumas frases de efeito ajudam a explicar esse clima: "Não corra, ande", diz o guarda que deixa o pianista fugir do trem que o levaria para o campo de Treblinka. Ou, ao fim da guerra, quando ele sai do esconderijo vestido no casaco do oficial alemão: "Por que então está vestindo esse casaco?". "Porque estou com frio". O ator Adrien Brody empresta a Szpilman um olhar melancólico e perdido, em que as emoções não podem fazer muito barulho para não serem descobertas.
Se a dignidade e a generosidade do alemão Hosenfeld podem ser uma redenção, os judeus que colaboraram com o regime nazista, montando uma polícia para vigiar o gueto com métodos às vezes piores que os da Gestapo, são o outro lado da moeda. O filme também denuncia a corrupção entre alguns dos que diziam ajudar os judeus fugitivos. É a surda força dos vermes, em contraponto aos grandes sonhos dos homens (para citar Cecília Meireles).
Dois elementos cruciais reforçam o enredo de tensão permanente, narrado pelo pianista [em seu livro]: fragmentos do diário do capitão Wilm Hosenfeld (peça-chave na vida de Szpilman) e a Ponte entre Wladyslaw Szpilman e Wilm Hosenfeld, composta por 33 partes (compêndio de fatos, elaborado pelo poeta Wolf Biermann). Do diário se extrai a frase que sintetiza o grau de conscientização do oficial alemão — ‘‘tenho vergonha de sair à rua. Todo polonês tem o direito de cuspir no meu rosto’’ —, e, da Ponte..., a observação conclusiva de Biermann: ‘‘Parece daquelas fábulas de Hollywood, mas é a mais pura verdade: (na trajetória do pianista) é um dos seres mais odiados que tem o papel do anjo salvador.’’
ICH VERSUCHE JEDEM ZU RETTEM, DER ZU RETTEM IST
("Eu procuro salvar qualquer um que pode ser salvo")
www.pletz.com/artigos/livro2204.html
Segunda-feira, Julho 19, 2004
No filme "O pianista", de Roman Polanski, um dos momentos mais marcantes foi o encontro entre Wladislaw Szpilman e um oficial alemão, num sotão, na Varsóvia ocupada, onde o pianista se escondia após ter escapado de um embarque para Treblinka.
Vemos então Szpilman tocar para o alemão, o "Noturno", de Chopin. A partir daí o oficial alemão passa a fornecer comida e a visita-lo regularmente até que um dia ele se despede, diz que os alemães estão se retirando, pois as tropas russas se aproximam.
Ficaram então as perguntas: quem era esse homem? Porque fez aquilo? Porque arriscara a vida para salvar um homem que segundo o regime a que servia, era apenas um subhumano,destinado ao extermínio?
Agora temos as respostas: com a publicação, na Alemanha,de um livro, contendo a íntegra do diário e das cartas do capitão Wilhelm Hosenfeld (Wilm). Veterano da primeira guerra, onde lutou ainda muito jovem, e como boa parte dos alemães ressentido com o tratado de Versalhes, entusiasmou-se com o partido nazista. Alistou-se em 1939 e participou da invasão da Polônia. Ao ver uma criança ser executada por ter roubado um pouco de feno, mudou de posição.
"Envergonho-me de fazer parte dos culpados por uma tragédia tão grande, sem poder auxiliar as vítimas" escreveu numa carta à mulher Anneliese, aos dois filhos e às três filhas.
Hosenfeld aprendeu polonês, passou a esconder fugitivos e fornecer documentos falsos, salvou tantos quanto pode. Segundo seu filho Helmut a apreensão das cartas de seu pai seria suficiente para condena-lo à morte.
Em julho de l942, escreveu Hosenfeld à Anneliese
- Pode um alemão ainda mostrar-se ao mundo? É para isso que nossos soldados morrem na frente de batalha? A história não conhece nada igual. Talvez os arcaicos tenham praticado o canibalismo. Mas nós que conduzimos a cruzada contra o bolchevismo, como podemos abater homens, mulheres e crianças em pleno século XX? Seremos normais? A culpa é tão grande que nos faz afundar no chão de vergonha. Será que o demônio adotou forma de gente?
Só em 1998, Szpilman revelou detalhes do encontro com Wilm. Capturado pelos russos, Wilm morreu em 1952, num campo de prisioneiros na Rússia, aos 57 anos. Apesar dos apelos de familiares e de muitas pessoas que tiveram a vida salva por ele, Stalin não abrandou a sua pena, condenando-o a 25 anos de trabalhos forçados ( nas condições em que se cumpriu a pena, equivalia a uma condenação a morte). Hosenfeld salvou muitos de um tirano sanguinário e pereceu pelas mãos de outro monstro.
Que Deus te tenha amigo,e recebe pelo pensamento e pela força dos ventos o abraço que esta fã que te ama tanto nunca pode te dar, pois fostes embora 30 anos antes de eu chegar... Aceite esta pequena homenagem de quem te admira e te fez até uma poesia...

Um comentário:

milena disse...

ocnão deixar de omenagia-lo dia 2 de maio ,aqui fica minha omenagem